segunda-feira, 13 de agosto de 2007

Escuta: eu te deixo ser, deixa-me ser então.

Rosa é a flor feminina que se dá toda e tanto que para ela só resta a alegria de ter se dado. Seu perfume é mistério doido. Quando profundamente aspirada toca no fundo íntimo do coração e deixa o interior do corpo inteiro perfumado.

O cravo tem uma agressividade que vem de certa irritação. São ásperas e arrebitadas as pontas de suas pétalas. O perfume do cravo é de algum modo mortal.

A violeta é introvertida e sua introspecção é profunda. Dizem que se esconde por modéstia. Não é. Esconde-se para poder captar o próprio segredo. Seu quase-não-perfume é glória abafada mas exige da gente que o busque. Não grita nunca seu perfume, Violeta diz levezas que não se podem dizer.

A formosa orquídea é exquise e antipática. Não é espontânea. Requer redoma. Mas é mulher esplendorosa e isto não se pode negar. Também não se pode negar que é nobre porque é epífita.
Estava mentido quando disse que era antipática. Adoro orquídeas. Já nascem artificiais, já nascem arte.



Minha pequena cabeça tão limitada estala ao pensar em alguma coisa que não começa e não termina - porque assim é o eterno.
Felizmente esse sentimento dura pouco porque eu não aguento que demore e se permanecesse levaria ao desvario.

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